Entrevista

Entre cruzes, espadas e maletas

Marina Feijóo é a nova entrevistada do 'Segunda Estrela á Direita'



                                     "Todo mundo merece salvação. Mas não significa que não mereçam ser punidos também."
                                                                                                                 Entre a Cruz e a Espada, Marina Feijóo
 

Autora da fantasia urbana 'Entre a Cruz e a Espada' e da comédia 'Como se Livrar de uma Maleta', Marina Feijóo, em sua "jornada dupla", se divide entre os estudos de Sociologia e a literatura, buscando sempre abordar em suas obras temas sociais como o racismo e feminismo. Vem com a gente conferir esse bate-papo imperdível!

1 - Para você, quem é a Marina Feijóo?

Sempre tenho muita dificuldade de me definir, às vezes acho que não sei bem quem sou. Então, usando os astros para me guiar: sou canceriana com ascendente em sagitário e lua em peixes! Além disso, sou feminista, futura antropóloga, lésbica, aspirante a escritora desde que me entendo por gente e tenho ansiedade social. Acima de tudo, sinto que sou resultado de tudo que vivi. E como pode ver, sou prolixa também... 2 - A expressão 'Corre, Jeanne' virou febre entre os leitores que acompanham 'Entre a Cruz e a Espada'. Esperava tamanha repercussão?
Nossa, eu nunca imaginei que existiria um meme dessa história!!! E eu só acho muito engraçado e incrível como essa expressão foi gerada espontaneamente. To realizada. 3 - Com alta representatividade lésbica, o que também não falta entre o fandom de 'Entre a Cruz e a Espada' são os shipps. Alguns improváveis, outros nem tanto. Poderia nos adiantar se teremos futuramente um canon?
Aaah, eu adoro essa parte! Tem sim um ship que vai acontecer e que sempre existiu na minha cabeça desde a criação da personagem. E eu particularmente gosto muito da relação das duas, apesar dos apesares. Ela faz bem para a Jeanne e a Jeanne faz bem para ela. Tem muito carinho envolvido. Mas minha cabeça tem pensado em caminhos alternativos nessa história em relação à ships... Só vou deixar isso no ar.
4 - No livro você aborda temas sociais como o feminismo, criticando por meio da personagem Marian, antagonista da história, a hipocrisia que por vezes existe dentro do movimento. Relatou ali alguma experiência real? Chegou a frequentar reuniões sobre o assunto?
Essa resposta será longa... O feminismo é um movimento necessário e importante, mas como em todo grupo de pessoas, existem divergências e pessoas com atitudes negativas. Eu já vi essa atitude nociva na vida real várias vezes, não necessariamente comigo. Mas comigo também! Não vou entrar em detalhes sobre esses casos até porque não é relevante, mas já fui esculachada por ter opiniões contrárias sobre feminismo e fiquei pensando “cadê a sororidade na hora de chamar o bonde pra atacar?”. Atualmente estou indo em um grupo de debate feminista independente na minha faculdade (bem o tipo de grupo que eu criei na história, inclusive) e tem sido muito bom e tolerante. Porém, esse grupo só foi criado porque o coletivo feminista oficial tem opiniões muito divergentes e essas garotas não se sentiam acolhidas. Me pergunto qual o propósito de um coletivo feminista que deixa mulheres desconfortáveis? Acho que não temos como acabar com toda divergência, mas podemos escolher como vamos entrar em algum tipo de consenso pelo bem do movimento. Porque é claro que temos opiniões contrárias muitas vezes! Somos um conjunto diverso de mulheres com vivências, experiências e questões diversas, nada mais comum que o movimento não seja uniforme em opiniões. Por isso, existem vertentes e recortes sociais. O problema é quando o embate entre vertentes e subgrupos se torna constante e agressivo, distraindo o movimento do objetivo comum e principal: ajudar mulheres e combater violência de gênero! Na minha opinião, o que nunca pode acontecer é faltar com o respeito com outras mulheres à toa. No final do dia, são as mulheres que estão aqui pelas mulheres e feminismo não é título, é atitude. Pessoas intolerantes e tóxicas, no entanto, existem em qualquer lugar. Gosto de dizer que a Marían não é uma feminista ruim, ela é uma pessoa ruim e isso se reflete na conduta feminista dela também. Não pretendo passar essa crítica somente através da Marían para não reforçar um estereótipo de “feminista radical braba”, então, tem outra personagem que vai ser bastante criticada também... Talvez já dê para imaginar quem é. 5 - 'Como se Livrar de uma Maleta', outra de suas histórias no Wattpad, tem enfoque no humor. Na plataforma, você ainda publicou um conto. Em qual dos três gêneros (fantasia, humor e conto) se sente mais á vontade? E qual deles parece atrair mais o público?

Não sei bem dizer qual é mais atrativo... São muitos fatores! A Maleta (como gosto de chamar) tem ganhado leituras e votos com muito mais facilidade e rapidez! Mas creio que isso se deve ao fato de que agora tem mais gente que me conhece... E essa história tem capítulo bem mais curtos. Mas eu teria que dizer que a Maleta é o filho prodígio. A verdade é que não me sinto à vontade com nenhum desses gêneros! É a primeira vez que me arrisco com fantasia e humor (se é que vou deixar categorizado como humor). Minha zona de conforto sempre foi drama e ficção adolescente. Incluo até um mistério aí... Já contos nunca foram a minha praia porque eu sempre tendo a escrever coisas longas (incluindo essas respostas, me desculpe).


6 - Para você, quais os pontos positivos e negativos de publicar no Wattpad?
Não vi pontos negativos até agora, além de detalhes mais técnicos como não poder justificar o texto. Mas a verdade é que eu esperava bem menos do Wattpad e fico cada vez mais admirada. É realmente uma plataforma muito bem organizada e cheia de recursos. Inclusive, eu tenho vontade de utilizar melhor o site porque eu faço somente o básico... Além disso, a comunidade é incrível. 7 - Como se deu seu primeiro contato com a leitura? E com a escrita?
Creio que esteja esperando uma resposta sobre o primeiro livro que li, mas a verdade é que meu primeiro contato com o mundo da leitura e da escrita foi através da minha mãe. Ela lia muito para mim quando eu era criança e ela também escrevia; no caso eram histórias infantis, mas outro dia ela me contou que escreveu um romance com aliens. O livro que mais marcou minha infância foi Poliana. Mas não foi o primeiro que eu li com meus próprios olhinhos e esse eu nem lembro! Quanto à escrita, eu ironicamente comecei com poemas quando era beeeem pequena. Hoje em dia eu passo longe de poesia. Mas andei por um longo caminho até chegar aqui.



8 - E seus autores preferidos, quais são? Eles de certa forma influenciam a sua escrita?
Meus autores favoritos são a Agatha Christie e o Haruki Murakami! No entanto, a Agatha não me influenciou em nada... Adoro os mistérios, mas temos estilos diferentes. Porém, com certeza, o Haruki Murakami tem um dedo na minha escrita. Eu me identifico bastante lendo os livros dele, sinto que há espaço para estilo como o meu, e me inspiro nele. 9 - Tem novos projetos em vista? O que pode adiantar sobre eles?
Tenho tantos projetos! Mas o que mais tem rondado a minha cabeça é um livro de terror baseado em astrologia. Em um cenário distópico (provavelmente), um lunático por astrologia reúne um culto e eles decidem conseguir provas concretas de que as pessoas são moldadas pelos Grandes Astros e o comportamento individual e social é uma construção da sociedade limitadora. Para isso, eles sequestram 12 pessoas que tem muitos aspectos fortes em seus mapas em um único signo e os trancafiam em uma casa, para submeter a testes, entre outras coisas. 10 - O que gostaria de dizer nesse momento aos seus leitores?
Eu nem sei como agradecer todo o carinho que eu recebi deles! São todos muito especiais para mim e realmente fazem os meus dias! Inclusive, já vou considerando eles como meus amigos. De verdade, muito obrigada pelo apoio e por serem tão gracinhas comigo (e com a Jeanne)! Não achei que minha experiência no Wattpad fosse ser tão maravilhosa como está sendo e isso é tudo graças as pessoas lindas que apareceram por lá e pelo grupo. Eu amo vocês, de verdade. Bate-bola, jogo-rápido
Um livro: E Não Sobrou Nenhum, Agatha Christie Um autor(a): Haruki Murakami Um filme: A Vida em um Dia Uma série: Scrubs Ator/atriz: Ellen Page Cantor(a): Florence + the Machine Lugar que gostaria de ir: Japão Uma cor: Azul! Personagem fictício: Amanita de Sense8 Uma princesa da Disney: Mulan


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Agradecemos á Marina por nos conceder essa entrevista.


Caso queira conhecer suas histórias, deixaremos aqui o link de seu perfil no Wattpad:
https://www.wattpad.com/user/MarinadeF 


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